Uma
mulher rasga loucuras em verso. Na noite. Que o dia frívolo, num asseio de
menino bem, escarnece da morte e desdenha dos medos. E a beleza do que nasce
não é gratuita, é sangue escuro e lágrimas quentes e torreões de medos e
solidões. E a tenaz dos sonhos e os campos de flores silvestres. Também.
Que
sabes da mulher que escreve na noite?
Dos
vícios malditos da alma,
dos
despertares que não dormem,
da
razão que cria monstros banhada em loucura,
dos
enredos e segredos que crescem avulsos,
das
conjuras de um destino que nasceu antes, rei e senhor?
A
pele é só a fronteira mate da violência que tem dentro, feita de demónios e
mundos de sete luas pintadas. E grita em silêncio e quando chora ri e é o tudo
e o seu contrário numa escada que serpenteia dos céus abonados aos infernos
mais fundos. E é bela a Flor, mas maldita.
Há
versos que nascem paridos da insónia e, na noite, a princesa olha o espelho e
toda a vaidade se esvai e ela é um cadáver que chora.
Por Elisabete Albuquerque
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